A Bunda do Bonde

a bunda do bonde
(canguru metálico)
nua na rua
desfila discreta
sem pudor peida
monóxido de carbono
...
há muitas bundas numa rua
ninguém vê COcô
na bunda do bonde

Sinto e Desejo

quero um copo de beijo
um cálice de sexo
...
que meus dedos revelem
da fina roupa que te vista
um oceano em chamas
e entre nós espaço algum exista
...
eu como um rio
a percorrer teu corpo inteiro
...
entre sussurros e palavras
sinto teu cheiro
sinto e desejo
teu beijo
anseio
seio
eu

Navegantes do MicroPoema...

Olá navegantes do MicroPoema!!! Tenho novidades: este blog está aparecendo na primeira página do Google ao se procurar por MicroPoema ou Lucimar Justino. O que isto significa? Significa que está tendo um número considerável de acessos. E isso é ótimo. Fiquei feliz da vida!!!! Maravilha e vamos pra frente que atrás vem gente!!! Só tenho a agradecer a todos vocês que por aqui navegam saboreando essas palavritas!!!
Um abraço e vamos micropoemar!!!

Você...

joga um verbo na minha cara
e adjetivos por todos os lados
...
nivela por baixo e explode
como ondas em alto-mar
...
esvazia meu oceano
de substantivos concretos
...
e me bota mudo
em
s
i
l
ê
n
c
i
o

Dois MicroPoemas

Palavra Dura
...
A palavra dura na garganta
não desce nem sobe
para ser vomitada
...
A palavra dura na garganta
machuca minha alma
já muito cansada
...
Como uma farpa na garganta
a palavra é silêncio
que quer gritar
...................................................................................................
Presente
...
Olhos nos olhos
boca na boca
...
Quebro o relógio
pro tempo parar
e congelar nosso beijo
...
e
t
e
r
n
a
m
e
n
t
e
...
hoje
...
Do livro Quando Uma Alma Encontra Outra

Tento, tento tanto...

Tento, logo desisto, Leminsk. Tento escrever um poema e nada, puts-grile!!! Sacola da mãe Joana!!! Um grilo que grila na cachola. Grila, grila, grila! Um micropoema. Tento tanto. E o vento de pensamentos na minha mente insana, vazia, buraco negro num universo de nós. Não o pronome, mas o nó. Aquele que amarra os neurôneos por áreas endrógenas do cerebelo. Debaixo de cabelo de careca. Cabeça que não pensa e age por instintos! E que se dane o mundo: esse formigueiro humano de idiotas; esse cupinzeiro de hipócritas capitalistas; essa praga de parasitas sedentários. Não quero pensar mesmo... que se dane! Pensar é estar doente dos olhos, disse Caeiro desguardando seu rebanho. E algumas ovelhas fogem, com fome, e gritam. E todas as ovelhas cagam no meio do caminho. Que merda! E esses cupins se proliferam em progressão geométrica. Vão comendo tudo que encontram pela frente, deixando apenas cagadas. Cai o barraco. Uma criança no olho da rua, do farol, do viaduto. E o cupim continua. Bando de formigas atômicas em suas máquinas de quatro rodas. Estamos destruindo o Planeta. Quero um copo d'água! Um copo d'água, por favor!!! Moço, me dá um centavo? Me dá um pão? Não quero pensar nos outros! Mas eu sinto, vejo. Sou criança. Quero um abraço! Quero um beijo! Sinto saudades. Quero um colo! O menino que corre sem camisa. E sorri da vida, pra vida! E que se dane o mundo. A madame passa com seu cãozinho de paletó e gravata! E muita gente no rabo rua, nos becos, em todos os cantos, como praga a ocupar o mundo. E o que fazemos? Nada. Estamos destruindo a Terra. Tento, tento tanto. E não agüento. Escrevo um poema!!!

Mundo Imundo

O mundo me cobra
persegue-me
tenho medo
e minha sombra
segue-me
como cobra
à espreita

Tenho medo de mim
do meu passado triste
do meu presente sujo
do meu futuro incerto...

Droga de mundo
que me droga
rouba minha liberdade
devolve libertinagem
fantasias
ilusões...

Mundo imundo
levo a vida
e a vida me leva
para o fundo
do poço
amarra-me pelo pescoço
e sufoca meu grito
de Liberdade
de infinito

Põe nos meus olhos
a imagem
do cão
e faz lavagem
cerebral
nos meus ouvidos
mas meu grito rouco
meu canto louco
emergirá!

do livro Gritos de Liberdade

Cópula

copo..cheio
corpo...... . seio..
copular

Valeu Marcelino e Aquele Abraço!!!

Olá Navegantes do MicroPoema, fiquei mega-feliz que o Marcelino do eraOdito deu uma passadinha por aqui ontem e me enviou um comentário-crítico bem interessante, recomendando que eu "jogue mais cisco no ventilador, merda no ar-condicionado" e vamos que vamos, porque afinal bom texto é aquele que incomoda, que mexe ali na ferida e nos faz refletir. E a esse respeito nos fala Bradley ao dizer que "um dos efeitos da poesia deve ser dar-nos a impressão, não de descobrir algo novo, mas de recordar algo esquecido. Quando lemos um bom poema, pensamos que também nós teríamos podido escrevê-lo; que esse poema preexistia em nós." (BORGES, 1989:257)
E assim desejo a todos um ótimo domingo e até segunda porque amanhã estarei excluído da grande rede. Inté!!!

O Outro

é fácil bater a porta
..........................o telefone
..............................uma palavra
e que se dane o outro
...
é fácil dizer não sem palavras
.........................não ouvir
.................................não ter tempo
e se esquecer do outro
...
difícil é ser o outro
24/09/2005

Amor, coisa de trocha

Amor, coisa de trocha
que se preocupa, procura, liga
e não encontra, da vida se desliga
...
essa flor rocha que inflama
cacho de formiga no vão das coixas
amor teimoso, tanto bate até que apanha
24/09/2005

O Milagre

Um ósculo e
óculos quebrados
e um ovo
evolui
óvulo e
espera o
esper-
-mato-
-zóide
esperto e
vivo

Cosmospermas
perdidos
pernas
ralos
privadas
privados
de vida
mas dentre
trilhões
sou um
do livro Quando Uma Alma Encontra Outra

Nu Começo

Nu começo:
...............................................era verbo
(amar?)..................................................................
...............................era sonho, era signo
..................................era nome,.................................. pô-ema
.........................................que se fez carne
.........................................que se fez vácuo
fato
.tripa
........................................que se fez gente
......................................que se fez livro

Hábito

Habito solitário
e quando chego em minha toca
ponho todos os meus rabos pra dentro
e depois abro as portas dos meus livros
e as palavras pulam, cantam, gritam, gozam...
sussurram em meus ouvidos
seus sólidos segredos
e tomam conta da casa toda
ultrapassam as paredes como fantasmas
tiram a minha roupa
se atrevem a entrar sob meus cobertores
e me acariciam como lajotas, tijolos, blocos e pedras
até que eu durma
em paz
sem palavras
sem...
...........pa...
...................la...
............................vras...

Espaço Qualquer

Me sinto deslocado
Num canto qualquer
Do imóvel
Locado
Numa esquina qualquer
Numa ex-quina qualquer
Do móvel
Deslocalizado
Num espaço qualquer
Entre a minha angústia
E as paredes gélidas
De um espaço qualquer

Conversapoetando

Olá navegantes do MicroPoema! Espero que estejam gostando dos pratos que aqui são servidos. Hoje quero conversapoetar um pouco com você. Para termos uma relação assim mais íntima, amigos pela palavra enfim. O fato é que aí já vem a todo a todo vapor 2006. E a coisa tá preta. Minha santa margarida das costas! O fardo tá pesado! Trabalho de Conclusão de Curso na Faculdade, trabalho, alguns projetos e... pouco dinheiro, pra variar. Mas isso não é tudo, claro. É só uma parte de tudo. E assim vamos indo... Um hora levando a vida, outra a vida nos levando. E o buraco é fundo, quase um abismo. Mas, espero que até o fim do ano saia meu novo livro, o Quando Uma Alma Encontra Outra, conforme prometi para amigos e inimigos. E fico feliz que já tem gente perguntando quando é que sai. Isso é ótimo. Magavilha!!!
Último ano de Letras, já vai dando assim uma saudade de tudo. E aí a gente pára pra pensar em tantas coisas que poderia ter feito, inclusive mais amigos, amigas... É com certa nostalgia que vivo estes dias. Algumas pessoas se tornam muito importantes em nossa vida. E por outro lado muito feliz. É maravilhoso estar chegando próximo do fim que na verdade é apenas mais um começo para uma nova fase da vida. E assim vamos indo em cada uma de nossas conquistas, sejam elas quais forem. O importante é lutar. E saborear cada conquista.
Agradeço você que passa por aqui mais uma vez e conto sempre com seu prestígio. E você que me conhece agora, espero que volte sempre! Continuarei publicando meus poemas por aqui e, em breve um livro, dois livros... e vamos que vamos porque o negócio é não parar.
Um grande abraço a todos!!!
Lucimar

Procuro Meu Sonho

A rosa dos sonhos

que tive na infância

murchou lentamente

voou levemente

...

Não vejo o sonho

e nem a saudade

ficaram perdidos

no tempo vazio

...

Há lágrimas, hoje

tão secas no olhar

que triste me sinto

na falta de alguém

...

Procuro meu sonho

no escuro do quarto

encontro o passado

brigando comigo

...

do livro Gritos de Liberdade

Eu Te Amo

o vento

folhas e flores no chão

meu caminho enfim

ganho asas

vou sozinho

tenho saudades

ela toca toca o infinito

desse céu azul

que há dentro dos meus olhos

...

preciso de você

eu te amo

O Menino Sujo no Luxo

o lixo mexe com o menino
o menino mexe o lixo
o lixo é mexido pelo menino
...
o menino sujo no lixo
é gente,
..................tem fome,
............................................procura um pão
...
o lixo sujo no menino
é bicho,
...................tem nome,
.................................................e não existe não...
......
o menino sujo no luxo
........é luz e noite
........................................eclipse lunar
...
Ontem, ao passar pelo centro de São Paulo eu vi um menino perto de alguns sacos de lixo jogados na rua. No meio da noite. E ele olhava ao longe, fitando o horizonte de calçadas e concretos e faróis. Talvez esperasse alguém... Talvez observasse alguém... O menino e o resto de luxo no centro de São Paulo.
Daí fiquei pensando no menino e no lixo... Nasceu este poema.

Portas

portas batidas

a mão que toca a porta

e gira a chave e fecha

e prende, impede

o amor que fica fora

e bate à porta

A Caverna

o céu noturno
no caos urbano
...
aeromoças desfilam
no trânsito celeste
...
palavras transitam
por fibras ópticas
...
não se houve a voz
não se sente o toque
...
há um despontar
de estrelas sombrias
...
luzes da caverna
projetando da janela
...
iluminam a cidade
estrelas solitárias
...
Com este poema desejo um ótimo fim de semana a todos que passarem pelo MicroPoema! Obrigado pelo prestígio e voltem sempre. Até segunda-feira. Estou indo para São Paulo logo mais! Um abraço!!!

Ilusão

a fome nos olhos

a barriga nas costas

o pobre do homem

na sua lida de cego

esquece da vida

caminha pra morte

Jardim Secreto

há um vazio bem grande dentro de mim
cabem todas as pessoas que eu amo
e ainda sobra espaço
o espaço em que cultivo meu jardim
flores lindas eu já plantei
mas ninguém compreende o meu vazio
a beleza que eu posso construir dentro dele

do livro Quando Uma Alma Encontra Outra

Coca-Cola

Quase louco
de paixão
caio
na cadeira
de um bar
...
Chapo a cara
e encho o coco
de coca-cola
...
Quando acordo
da ressaca
tenho em cacos
meu coração
carente

do livro Quando Uma Alma Encontra Outra

Pensando um pouco... nos outros

Como é bom estar de barriga cheia, não é? Não jantei, mas comi um americano. No sentido literal da palavra, obviamente. E também tomei uma Coca-cola, claro. E aí fiquei pensando cá com meus botões: quando a gente está de barriga cheia não pára pra pensar nos outros.
Engraçado, neh? Não sei se você já pensou nisso, mas quando a gente tá com aquela fome de cão sem dono a gente procura qualquer coisa pra comer... e quem sabe pensa nos outros.
Comendo americano e tomando Coca-cola... ainda estou de barriga cheia. O capitalismo não digere dentro de mim, fico matutando, fico pensando nos outros que não têm um americano para comer.
E a tá todo mundo aí comendo americano. Se não por vontade própria, por imposição. São os EUA dominando/controlando o mundo.
E penso nas muitas fomes do nosso povo brasileiro. E tem gente que nem sabe a hora que tá com fome. Isso dói. Mais que a fome.
A educação de qualidade é um desses pratos mal compartilhados. Comemos gatos por lebre. E continuamos comendo americano e tomando Coca-cola.
Enquanto saboreamos um americano não vemos que somos comidos.
16/09/2005

Um dedo de prosa à toa

Olá galera do MicroPoema.com!!! Hoje já é quase amanhã que será um outro dia e tá aí com esta noite inteira no meio e uma cama me chamando para dormir e sonhar um sonho de amor mais bonito onde nem tudo seja possível de se realizar porque é essa a vida e não teria graça viver se já tivéssemos a certeza quadrada de tudo que nos acontecerá no próximo segundo em que nem acabei de escrever este texto e que você ainda está lendo e cairá um raio na sua cabeça... UFA!!! Amém. E agora, vamos dormir.
Hoje não tem poemas crianças...Inté mais!

Um Copo de Poema

Olá navegantes do MicroPoema!!! Fico feliz em poder contar com todos vocês que passam por aqui prestigiar meu trabalho com a palavra, meus micropoemas, meus desabafos que, na verdade, são seus também. É a expressão da alma humana.
...
E tenho filosopoetado com meus botões que às vezes tenho a pesada impressão de que estou ficando louco. Calma! Não se assustem. Isso é apenas um lado da moela. O lado de dentro, quem sabe...kkkk. Você já viu uma moela??? Pois é. É o avesso do absurdo sujo! Minha santa efigênia!
...
Poisintão (isso mesmo que escrevi), é o questionamento do mundo, o estranhamento do mundo na palavra, pela palavra e, tudo isso batido no liquipoetificador é que vai dar o micropoema. Aceita um copo??? Que bom, fico feliz! Então, tome à vontade. Pode repitir sim. Volte sempre!!!
Inté mais!!!

O Amor Entende

nada como um dia após o outro
com uma noite no meio
...
um sonho............................................................
um copo................................
um corpo.........
...............um seio
...
é tudo quanto quero....................................
.............................é tudo quanto anseio
...
.......................no peito da noite
um balde de leite.............................
.......................................................................cheio

Loucuras

Gostar de você é um erro!
Ao me apaixonar por você
fiz o meu próprio enterro.
...
Gostar de você é loucura!
Ao me entregar a você,
diz, não fui pra sepultura?
...
Do livro Gritos de Liberdade

Anelação

Não aspiro

mais que um beijo

meu desejo

no papiro

...

Quero o novo

meu anélito

tão inédito

quanto um ovo

do livro Gritos de Liberdade

E o Verbo Se Fez Sangue



O rapaz estava ausente num canto da sala. O professor apareceu na porta, deu uma olhada varrendo todo o espaço e entrou. Aula de Introdução à Semiótica. Começo de semestre depois das férias de julho.
...
Na véspera daquele dia o rapaz chegara. Estava radiante por ter descansado um mês inteiro do barulho infernal da cidade grande.
...
Abriu o portão, cumprimentou o porteiro com um sorriso de boa tarde, disse algumas palavras, pegou o elevador e subiu.
...
Quando fechou a porta atrás de si teve um choque: tudo era diferente. Não ouvia mais a voz de sua mãe brava gritando com os netos, irmãos. Sentou-se no sofá da sala e ficou a sentir-se a pessoa mais sozinha do mundo. Esperou. E o tempo foi passando. Mas não ouviu seu pai chegando e o barulho do carro ao lado na garagem enquanto ele, o rapaz, assistia à TV. Não era a mesma casa. Não havia o pai perguntando de sua pessoa para a mãe.
...
Averiguou o quarto. Não era também o mesmo. Foi à cozinha procurar alguma coisa para comer. Tudo diferente. Não havia o café que sua mãe preparava. Não havia biscoitos, pães de queijo. Nada. Só o vazio.
...
Foi ao banheiro, desesperado. Contou todos os azulejos. Não era o mesmo também. Virou-se para o espelho. E, de repente, o outro. Não era ele. Estava nu. No mais profundo vazio de si mesmo. E então chorou, chorou... Chorou tanto que já não havia mais o que chorar.
...
Seu corpo estava ali no piso frio do banheiro. A porta trancada. Ninguém o acharia. Era o fim. O fim mais ermo e sombrio do mundo.
...
Ao lado da privada. Braços esticados alcançando o cesto de lixo de um lado e um caco de espelho do outro. Seu reflexo no espelho quebrado. Partes de um homem espalhadas pelo banheiro todo. E silêncio apenas. Não tinha mãe, não tinha pai, não tinha irmãos, não tenha sobrinhos para chamá-lo de filho, de mano, de tio.
...
Estava só. Sem família. Sem afeto. Sem agrados. Entre quatro paredes frias. No silêncio de sua solidão. Era o outro. O outro que ele havia esquecido. O outro que batia à porta implorando vida.
O outro arrombou a porta, acariciou o rapaz e, no meio de sangue e lágrimas o matou.
...

FracaFria

MicroCrime
MetroTreme
MetreTrome
mocre
mecre
cremo
crime
mocre/cremo
mecri/crime
cremecre
cromo
cru
á

Desejo

o poço é muito fundo
para um corpo em chamas
toda água é pouca
há uma sede
infinita e louca
...
um corpo em chamas
é fogo

O Chão é Cama

O chão é cama para o amor urgente,

amor que não espera ir para a cama.

Sobre tapete ou duro piso, a gente

compõe de corpo e corpo a úmida trama.

...

E para repousar do amor, vamos à cama.

Drummond, in DECLARAÇÃO DE AMOR, Record, 2005.

...

Aviso aos navegantes do MicroPoema que neste sábado e domingo não estarei postando, mas na segunda estarei de volta. Vou respirar o ar da montanha para voltar mais inspirado na segunda-feira. Inté mais!!!

Eu Existo?

Tenho
...
Certidão de Nascimento
(estou vivo)
...
Carteira de Identidade
(sou único)
...
Cadastro de Pessoa Física
(sou de carne e osso)
...
Carteira de Trabalho
(não tenho emprego)
...
Cartão de Crédito
(nome sujo na praça)
...
Cartão de Débito
(Real Universitário)
...
Título de Eleitor
(sou importante)
...
sou gente, existo
...
e pago caro por isto
...
Atestado de óbto: não tem preço!
(por via das dúvidas uso Mastercard)
....
.....
Poema publicado originalmente no site LeiaLivro em 19/08/2005, em que um leitor faz um interessante questionamento que acredito seja ilustrativo constar aqui:
...
Jander Alcântara: Não entendi esse seu "por via das duvidas uso Mastercard", você elogia ou critica? Primeiro decida e depois intensifique, tenho certeza que irá melhorar muito. Mas saiba que você tem muito talento, eu só não poderia era deixar de observar isso. Parabéns!
...
Lucimar Justino: Olá Jander!!! Ao escrever "por via das dúvidas uso Mastercard" na verdade não tive a intenção nem de elogiar nem de criticar. Penso que se há uma determinação do objeto por parte do autor, ou seja, se o sentido é predeterminado, perde-se o prazer do texto que reside exatamente no estranhamento que ele provoca. Mas estive refletindo sobre seu questionamento... acredito que o poema sintetiza nossa sociedade capitalista, consumista. Desde que nascemos somos relacionados como números, estatísticas. E recebemos uma identificação, somos controlados pelo Estado. E ao morrer ainda pagam para que sejamos postos no buraco, para que se dê baixa em nossos identificadores. O último verso pode ser uma síntese dessa vontade de viver que trazemos em nós, dessa vontade de ser, apesar de todas as adversidades, consumidores em potencial. Afinal, numa sociedade de consumo quem não tem dinheiro, quem não tem poder de compra não existe, não é gente... Em suma seria isso, porque essa questão de interpretação é bastante complexa, existem estudos interessantíssimos a respeito. E vale lembrar que a historicidade (conhecimento prévio, convívio social...) do sujeito (leitor) interfere muito na produção de sentido (ou sentidos) de qualquer texto, principalmente o literário. Por fim, muito obrigado pela apreciação e por dizer que tenho talento. Fico feliz. Um abraço!!!

Tempo

Dormir, por um segundo,

É risco de não vir

A ter mais o mundo

No segundo do porvir.

...

Todo cuidado é pouco

No segundo fatal,

Melhor não ser louco

De perder a hora matinal.

...

Um segundo traz a vida

E a molda no espaço

Da existência à partida

Ao ritmo de um compasso.

...

Um segundo leva a vida

E a sopra o vento

Sobre a flor umedecida

De lágrimas e pensamento.

...

Do livro Gritos de Liberdade, Papel & Virtual Editora, Rio de Janeiro, 2003.

Tempo II

Tempo atrevido,
..........tempo inimigo
....................dos amigos
..............................das horas ocasionais.
..............................Tempo fingido,
....................tempo amigo
..........dos inimigos
das horas matinais.

...

Do livro Gritos de Liberdade.

Verde Bandeira



Ferem-te e segues,

em pés leves,

de bem em breve.

Tem quem te pegue?

...

Verdes que, de verde,

quem quer se lembre

que nem cedo vedes,

esse verde leve e sempre.

...

Vê que sem terdes

este leque em mente,

de pé perdes

em vezes de repente.

...

Quem deste verde bebe

de se encher,

pense que dele se serve

quem quer apenas viver.

...

Este poema está no livro Gritos de Liberdade. Observe que o poema foi escrito usando-se a vogal e, exceto as palavras bandeira do título e apenas e viver do último verso.

“Independência ou morte”



vamos hastear a vida
vamos hastear o amor

vamos hastear um sorriso
vamos hastear a paz

vamos hastear o presente
vamos hastear a esperança

vamos hastear a justiça
vamos hastear a igualdade

vamos hastear a ordem
vamos hastear o progresso

vamos hastear o futuro
vamos hastear o Brasil

07-09-2005


Concurso Literário


E sai nesta quinta-feira 8/9 o resultado da 7ª Edição do Prêmio Literário "Manuel Maria Barbosa du Bucage", nas categorias Poesia e Ensaio, promovido pela LASA, em Portugal, do qual estou participando.

Aviso aos navegantes: se você está visitando este blog não deixe de retornar porque estarei publicando sempre textos novos. Aprecie, participe, dê sua opinião. Ela será muito preciosa para mim.

Aquele abraço!!!

Presente


Olhos nos olhos
boca na boca

Quebro o relógio
pro tempo parar
e congelar nosso beijo

e
t
e
r
n
a
m
e
n
t
e

hoje
...

Poema Sem Nome



É duro quando a palavra é seca
não diz o que a alma sente
e o silêncio é maior que tudo
e não há outros olhos para olhar
só a tela de um computa-dor

conto os minutos
e a vida passa bem depressa
quando vejo já é amanhã
e estou sozinho em plena madrugada
a sonhar o dia que está por nascer

mas outras vezes eu durmo
e meu sono é quase uma morte
de manhã acordo com vontade de ficar
a cama é tudo que tenho de bom na vida
o mundo é só um sonho frustrado

um monte de teclas sob meus dedos
que deslizam secamente pelo teclado
a dizer qualquer coisa e que se dane
porque não há a explicação da vida
há apenas o sabdor de viver

3/09/2005

Medo da Vida

medo da vida
medo do amor
dedo do passado
medo da dor
medo de amanhã
dedo do pecado
medo do prazer
medo dá morte
...
medo: dedo da morte
cutucando a vida

Gramática Genial

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula, ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco - Recife) e que obteve vitória em um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática da Língua Portuguesa.

Quando Uma Alma Encontra Outra



Esse é o título do meu livro inédito para o qual estou procurando uma Editora. Os poemas aqui publicados fazem parte de Quando Uma Alma Encontra Outra. Meu objetivo é publicá-lo ainda neste ano, se tudo der certo. Estou vendo algumas possibilidades.

Espero que você tenha gostado de visitar meu blogger! Não deixe de comentar, de sugerir ou criticar. Conto com a sua contribuição, pois ela será muito útil no sentido de saber o gosto do leitor.

Caso tenha gostado, volte sempre. É um prazer saber meus poemas apreciados por você, leitor e leitora. E por isso procurarei estar sempre atualizando esta página.

Caso queira enviar um e-mail: lucimarjustin@hotmail.com

Um abraço!!!


Lucimar Justino



A Vida



A vida é muito curta
É só um suspiro de horas
Minutos e segundos que vão passando

Há em cada segundo uma vida
Uma vida para ser vivida

A vida é curta
A vida é breve e passa
Não cabe num poema a brevidade da vida

Espaços

Entre minha solidão a a tua,
amada,
há um céu
e um abismo
sem
f
i
m

Seios



No seio da noite acordo
e os procuro
com minhas sedentas mãos
quero o tato, contato, toque
mas de repente constato
no duro cimento
que separa minha cama de outros concretos
que a noite seios não tem

As Sem Razões do Amor

 Quando se somam os talentos de um grande poeta, um grande músico e um ótimo fotógrafo e produtor, o resultado é este. Tem como não se encan...