o meu boi morreu
meu Deus
fiquei a tarde
urubusservando
a briga que se trava
sobre o intestino de capim
uma nuvem negra esfomeada
chuvisca bicadas pra todo lado
já não há nada
apenas a grama molhada
de sangue
e estrume
latidos ecoam pelo campo
rasantes vôos sobre minha cabeça
uma guerra de fome
onde come quem puder
o meu boi morreu
meu Deus
fiquei triste
urubservando
a briga que se dava
sobre o destino daquele rim
nestes tempos de miséria
não é sempre que se tem
a morte de um boi
o filé-minhon foi para o açougue
sobrou a carne de pescoço
o osso
o duro
a cabeça
o chifre e a língua
30.04.2007
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