O Sopro da Vida


o silêncio aperta
o meu peito
madrugada adentro

a palavra cala
a boca não fala
não sopra o vento

não ouço um grito
a frase me escapa
foge o pensamento

o verbo paralisa
olhar de Mona Lisa
silêncio e sono

um pássaro desperta
a alma incerta
neste abandono

o silêncio espeta
o meu peito
de sopro e vida

Embu das Artes, domingo, 31 de julho de 2011.

Fonte da imagem: http://joaofelix.blogspot.com/2009/06/o-sopro-da-vidaum-ensinamento-de.html

Lavrador de Palavras


madrugada bruta
frios latidos
ecoam pela cidade
finos gemidos
de fêmeas no cio

algumas lágrimas
e outros soluços
de crianças na rua

madrugada bruta
eu já de caneta nas costas
sou lavrador de palavras

Fome Zero




Como palavras;
um prato de biscoito não mata minha sede

Ganho um prato de fome zero
meu nome que quero, compro

Escarro fome
e compro
um carro zero
para ser gente

Vendo esmola
e cobro imposto dos famintos

Não tenho fome
e meu título sujo
cobre um corpo sem nome

14/07/2005 - há seis anos.

Futilidades



Estou farto
de futilidades
celebridades midiáticas
ocas
imediatas
efêmeras

Falta conteúdo
assunto útil
Ocupam-se do inútil
de imbecilidades

Fartei
fui...
o último que apague a luz

Bem-te-vindo



Viii
o bem-ti-vi
viiindo

Viiim
vim te ver
bem-te-vi

Assiiim
em miiim
bem-te-vi

Iii
o bem-te-vi
enfiiim

Siiim
o bem-te-vi
fiiim

O Meu Tempo



O relógio na parede
no meu carro
no celular
mede o meu tempo
de ser em casa, na rua, no trabalho, na escola...
tantos quem nem sei quem sou

O relógio na parede
no painel, no semáforo
dita o meu ritmo de ser, de estar

Sou tantos e não me acho
na multidão cabresteada pelo tempo linear
dos ponteiros que não param de girar
em círculos, sempre voltando
ao status quo, ao não-tempo


Perco-me para ser tantos
e no fim não serei nada
além de uma vaga lembrança:
plantou uma árvore, escreveu um livro, fez um filho...

Meu Filho



Meu filho
tenha calma, meu filho,
ainda faltam 4 meses
para contemplarmos o brilho
do teu olhar o mundo.


Meu filho
tua alma, teu brilho
já acende, às vezes,
olhares e sorrisos
e o amor mais profundo.

O Óbvio



Que frio...
minha luva!

Meu brio...
uma uva!

Bombril...
uma ova!

Sorriu...
uma prova!

Partiu...
Uma cova!

Poemócio


De barriga cheia e papo pro ar
agora eu quero
um copo
um corpo
cama e travesseiro
lençol e o dia inteiro
para não pensar em nada
a rede, o sol e o som do mar
numa linda tarde de domingo
em que arde o sono
o abandono do ser
num ponto
final


Inspirado no poema de Sylvia Beirute "E Agora Eu".

Só Males

Em solidariedade aos somalis

Foto: Farah Abdi Warsameh / AP

Nossos irmãos somalis têm sede e fome.


Tudo que têm é isso. Acampamento de Dadaab, no Quênia, onde milhares de pessoas buscam refúgio.



Onde está a Justiça? O que essas pessoas fizeram?
Onde está a imprensa? Onde estão os milionários?
Onde está Deus? Quem somos nós neste mundinho
minúsculo a vagar pela Via Lactea, no Universo infinito de outras galáxias gigantes?



No Sistema Solar (Sun's): cá estamos nós, com toda a nossa arrogância e prepotência.
Destruindo tudo, matando-nos a nós mesmos
com o nosso egoísmo e a nossa sede de ter, ter, ter...
ainda que tenhamos de matar nosso irmão aos poucos, de sede e fome...



Haja Luz para iluminar tanta treva!
Haja Amor para perdoar tanto ódio.


Guerra em nome da Paz, em nome de Deus.
E o Nobel da Paz vai para... o Promotor da Guerra.
É ela que faz a economia girar, países se individarem
para que poucos vivam nadando em ouro,
enquanto a massa nada em sangue e miséria.
E a quem interessa tudo isso?



E o Promotor da Justiça, da Paz?
Se existe, ele é silenciado pela máquina de guerra.
O que passa na TV, não é o que interessa a você!

Progresso onde? Em quê?
Tecnologia? De guerra, para a guerra,
real, virtual, de (des)informação, mas guerra.


Nossos irmãos, somalis, pagam o preço.
Por quê? Por sua cor, por sua raça?
Por sua sorte, por sua terrra?






Mas eles não estão sozinhos nesse inferno.
Estamos todos juntos e abraçados:
hoje são eles, ontem foram outros...
e amanhã? Assim avança o "progresso"...


Crianças, pequenas, indefesas...
Eles não têm nada, não almejam nada...
Só querem uma tijela de comida,
e pode ser as migalhas da sua mesa.






Para quem quiser ler um pouco mais, seguem alguns links interessantes:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Som%C3%A1lia
http://br.noticias.yahoo.com/%C3%A1frica-maior-campo-refugiados-mundo-sofre-superlota%C3%A7%C3%A3o-falta-143240650.html
http://extra.globo.com/noticias/mundo/somalia-moradores-buscam-alimentos-em-acampamento-2231618.html
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2011/07/aumento-de-mortalidade-infantil-em-acampamentos-e-%E2%80%9Calarmante%E2%80%9D-diz-acnur/
http://www.doctorswithoutborders.org/news/articlefull.cfm?cat=slideshow&id=5370

http://www.teleios.com.br/tag/dadaab/ 
O outro lado da história. Veja um documentário acerca dos conflitos na Somália em http://dotsub.com/view/8446e7d0-e5b4-496a-a6d2-38767e3b520a#.TiHl0Z2WM50.blogger
Para mais informações, pesquise na internet e outras fontes.

O Milagre da Vida



Tão pequeno o menino:
uma semente, um feto.
Tão sereno milagre divino,
é a vida carente de afeto.

É a vida que pulsa contente
no seio da mulher-mãe.
A luz espera, paciente,
a pequena semente de vida.

Discutindo a Língua


Ela diz que é vocativo!
Aposto que é aposto!!!
Ela insiste; estou cativo,
Posto que descomposto.

Café com Poema



De manhã quando ponho
Minha mão sobre a sua,
Acordo de um sonho
E caio na rua...


Pra ganhar nosso pão
Alimentar a criança,
Alegrar o coração
E buscar a esperança.

21/06/2011

PoSSiBiLiDaDeS

MICROPOEMA
AME O PORCIM
POEMA MICRO
ROCIM AMEOP
AME O CRIPOM
A MOCRIP OME
EMO MOCRIPA
OMOCRIPA EM
APIRCOMO-ME
COMO PARIME
MERIPA MOCO
OCO IMPAMER
O MERCAIMPO
MOPIACREMO
MOCREAMIPO
COPIA MEMOR
MEMORIA POC
COPA RIMOME
ROMA MICPOE
AMOR MIO CEP
(..........................)
MICROPOEMA

Liberdade




Levo a vida
Livre
Leve e
Louco

04/06/2011

"Peguei" a foto acima do Ideias & Antíteses, de um texto, muito bonito, em que o autor do blog fala da liberdade.
A propósito, aqui, dentre tantos, escrevi outros dois poemas acerca do tema: Escravos da Liberdade e O Mito da Caverna


O Sabiá


O pássaro canta
O canto do sabiá.
Efêmero se espanta,
Aqui quanto acolá.

Nada como a liberdade, não é? Um pássaro pode até cantar bonito, mas preso certamente cantará a tristeza e a saudade de sua liberdade, de seus filhos, de seu par, da Natureza.

Invertendo o ditado (de que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando"): mais vale dois pássaros voando do que um na mão.

Pensemos nisso!

Saber x Poder



A "cultura" nos endurece
Qual cimento na areia.
Tanta informação nos ensurdece
Ao saber que nos rodeia.


A ciência avança, inclusive sobre os mesmos erros. (Lucimar Justino)

Amor Selvagem


O Amor é estranho,
Que nem bicho do mato.
Desconhecido e tamanho,
Dali a pouco manso como um gato.

As Sem Razões do Amor

 Quando se somam os talentos de um grande poeta, um grande músico e um ótimo fotógrafo e produtor, o resultado é este. Tem como não se encan...